Você já deve ter percebido que existe algo profundamente transformador em tornar-se mãe. Não se trata somente de uma mudança de papel ou status: abraçar a maternidade é uma verdadeira travessia, um mergulho em águas profundas que nos convida a descobrir dimensões inexploradas de nós mesmas.
O que muitas vezes não nos contam é que esta travessia não é unicamente sobre aprender a cuidar de outro ser, é também sobre aprender a cuidar de si com mais consciência e maturidade. Enquanto o mundo vê apenas as transformações que acontecem do lado de fora, do lado de dentro vivenciamos uma profunda revolução, capaz de derrubar nossas certezas e de colocar diante de nós uma mulher irreconhecível refletida no espelho. Quem é essa nova mulher que parece comigo e, ao mesmo tempo, é tão estranha a mim?
Esta travessia é única, mas carrega em si um convite universal: o chamado para descobrir uma versão mais expandida de si. Não é sobre abandonar quem éramos, e sim sobre integrar novos aspectos à nossa essência, como um rio que, ao encontrar novos afluentes, ganha volume e força, sem deixar de ser o que é.
É uma jornada que pede coragem - coragem para mergulhar no desconhecido, para atravessar medos, para nos reinventarmos sem nos perder de nós mesmas. Pede também sabedoria para reconhecer que esta transformação tem seu próprio tempo e ritmo, não pode ser apressada ou controlada, apenas vivida em sua plenitude.
Esta travessia nos convida a desenvolver uma nova forma de navegação - uma que honre tanto nossas águas conhecidas quanto as correntes inexploradas que agora se apresentam. É, acima de tudo, um chamado para descobrir que podemos ser várias em uma só: fortes e vulneráveis, sábias e aprendizes, cuidadoras e merecedoras de cuidado.
A partir desse entendimento, podemos olhar novamente no espelho e começar a reconhecer os contornos dessa nova versão: mulher-mãe. Olhando para ela, compreendemos que não somos apenas a soma de nossos papéis, mas uma integração única de todas as nossas dimensões. A maternidade não vem para nos diminuir ou limitar, mas para expandir nossa capacidade de ser e estar no mundo.
Do outro lado desta travessia não somos apenas mães, nem deixamos de ser quem éramos. Somos uma versão mais completa e integrada de nós mesmas, carregando em nosso ser a sabedoria das águas atravessadas.
Algumas reflexões para sua própria travessia:
- Como a maternidade tem expandido sua forma de ver o mundo?
- Que recursos internos você descobriu nesta jornada?
- Quais aspectos seus foram fortalecidos, não diminuídos? Conheça a Escritora: @cillabferreira Cilla Ferreira é jornalista, escritora, especialista em língua portuguesa e literatura brasileira, eternamente apaixonada pela palavra escrita e suas manifestações.
Casada, mãe de quatro filhos - três que caminham na Terra e um que brilha no Céu - encontrou na maternidade um novo território de expressão e descobertas.
Na busca por compreender mais profundamente a jornada materna, se tornou doula, educadora perinatal, especialista em psicologia pré-natal e perinatal e em ciências do bem-estar e autorrealização, conhecimentos que coloca à serviço do florescimento de outras mulheres, apoiando-as em suas travessias.
Seu propósito é levar, ao maior número de mulheres-mães, acolhimento em forma de palavras, ajudando-as a encontrar leveza nos momentos desafiadores e a descobrir que a maternidade não precisa ser um apagamento de quem somos - pode ser um encontro com uma versão mais profunda e verdadeira de nós mesmas.
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